Todos sabermos que alguns minutos podem fazer toda a diferença no atendimento a uma pessoa em um hospital.
Imagine que você chega a um hospital e o médico identifica que precisa de um tomógrafo móvel para poder fazer um melhor diagnóstico de seu caso.
Então, vem a pergunta: onde está o tomógrafo móvel no momento específico em que o médico precisa?
Começa uma busca incessante pelo equipamento nas instalações do hospital. Dado que o equipamento é móvel, pode estar em qualquer lugar dentro do hospital. A mesma coisa se aplica a uma maca ou qualquer outro equipamento móvel. Poderíamos pensar também na localização de uma pessoa em especial, um anestesista ou um médico especialista, por exemplo. Onde ele estaria? E se ligarmos para o celular dele e ele não escutar ou não puder atender? Como localizá-lo?
Nós sabemos que tempo é um fator importante para um melhor atendimento.
Os desafios que mencionei são vivenciados diariamente na grande maioria dos hospitais, sejam públicos ou privados.
Mas como poderíamos resolver estes problemas?
Na verdade, a tecnologia necessária para isso já existe há algumas décadas. Ocorre que, agora, esta tecnologia se tornou mais eficiente e mais acessível.
Imagine que poderíamos colocar um sensor (“tag”) no tomógrafo, na maca e no crachá do médico.
Com um sistema de localização de ativos (que no caso do médico seria o crachá) usando, por exemplo, a rede sem fio (Wi-Fi) do hospital, poderíamos facilmente localizar, em tempo real e de forma centralizada, pessoas e equipamentos em um hospital.
Mas e se o problema do hospital for o acesso não autorizado a áreas restritas?
Simples: coloca-se uma (ou várias) câmera(s) captando imagens para identificação facial. O sistema de câmeras poderia estar conectado às fechaduras e/ou catracas de acesso às áreas restritas e só deixaria entrar as pessoas autorizadas – além de registrar também quem tentou acessar de forma indevida.
E se a questão for o acompanhamento dos pacientes que fazem os seus tratamentos e retornam para suas residências? Como os médicos acompanhariam seus pacientes com a telemedicina?
Cabe comentar que telemedicina não se restringe a uma entrevista do médico com o paciente por uma ferramenta de videochamada.
A telemedicina a que me refiro, e que já vem sendo praticada, é aquela que permite a um médico em São Paulo (SP) atender um paciente em Rio Branco (AC) com a ajuda de um profissional da localidade (Rio Branco, neste exemplo). Dessa forma, quando o profissional utilizar um estetoscópio que capte e transmita dados, o médico os receba em tempo real em São Paulo. Isso se aplica a um oxímetro, a um medidor de pressão ou a quaisquer outros equipamentos que possam capturar dados usando, por exemplo, a conexão bluetooth de um smartphone para enviá-los ao banco de dados dos pacientes de determinado médico.
Assim, o médico pode fazer uma avaliação muito mais efetiva da saúde de seus pacientes e tomar decisões sobre o tratamento com base em dados coletados diretamente junto a eles, reduzindo-se, portanto, eventuais erros de interpretação dos dados, em benefício de um tratamento mais efetivo.
Estamos falando de inovação, não necessariamente relacionada ao aspecto de novas tecnologias, mas sim à utilização de tecnologias já existentes, combinadas de forma a criar uma “solução”.
Todas as situações citadas são reais – e as soluções também. Muitas vezes, porém, na ânsia de tentar fazer a venda, os parceiros de negócio da área de Tecnologia da Informação (TI) acabam se prendendo mais a aspectos técnicos do que ao exame das funcionalidades necessárias para resolver problemas a um custo razoável.
Como é o nome dessa tecnologia? Internet das Coisas (Internet of Things, em inglês, ou simplesmente IoT).
IoT é revolucionário? Eu diria que não.
É moderno? Eu também diria que não, já que o conceito sobre sensores vem da década de 1950.
Mas a aplicação dos produtos ligados à IoT se soma à modernidade das redes (Wi-Fi ou 3G/4G/5G), criando poderosas ferramentas, com múltiplas aplicações, que estão beneficiando empresas de praticamente todos os segmentos de mercado, desde o agronegócio até a indústria de modo geral, passando também pelo setor hospitalar, entre tantos outros.
Ainda temos muito por fazer. Mas é cada vez mais evidente que IoT não é somente mais um “pedaço” de tecnologia. É uma abordagem que nos obriga a manter o foco na análise do problema de negócio que o cliente (ex.: o hospital) quer resolver. Outro ponto interessante: as soluções de IoT, em geral, precisam de muitos componentes e praticamente nenhum fabricante consegue cobrir todo o espectro da solução. Isso implica soluções que são, por natureza, multifabricantes.
Falar de “features and functions” com os clientes não é mais relevante. Entender o problema de negócio e apresentar uma solução que traga resultados efetivos e comprovados, sim!
O IoT não está revolucionando somente a sua aplicação em hospitais e/ou indústrias, está obrigando os parceiros de negócio a repensar a maneira como estão abordando os seus clientes.
Os parceiros bem-sucedidos serão aqueles que verdadeiramente procurarem entender o problema de negócio de seus clientes e apresentarem soluções específicas, com resultados concretos, pois, já há algum tempo, as áreas de negócio das empresas são as que possuem verba (budget) para gastar no que for preciso para o bom desempenho de suas atividades.
Em resumo, a abordagem com IoT está muito ligada ao negócio dos clientes finais (e não somente à tecnologia!). Isto exigirá a reciclagem de uma parcela importante dos parceiros de TI, acostumados à venda de produtos ou somente de uma marca específica.
Mas essa reciclagem não pode ser somente do time de vendas. Ela passa também pelos times técnicos, de entrega de serviços e, principalmente, pelos executivos das empresas que levam a tecnologia ao mercado.
*Áudio de artigo divulgado com exclusividade na Channel 360 em 8 de junho de 2022.
Waldir Saboia - TD SYNNEX Next Generation Solutions Director, LAC.
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