Confira o artigo do diretor comercial da Westcon Brasil, Sergio Basilio, em que ele faz algumas previsões sobre como a IA mudará o mercado de trabalho.
O campeão mundial de xadrez de 1985 a 2000, Garry Kasparov, do Azerbaijão, foi desafiado pela IBM para enfrentar o seu computador Deep Blue em 1996. Surpreendentemente ele perdeu a primeira partida para a máquina, mas venceu, no final, o jogo por 4 X 2. Em 1997, repetiu-se o embate. Kasparov ganhou a primeira partida, mas o Deep Blue mudou a sua forma de jogar e venceu o jogo por 3,5 X 2,5.
O Grande Mestre do Xadrez protestou, dizendo que havia acontecido interferência humana no jogo, o que era proibido. Ele estava enganado. Ele não havia perdido para um homem, mas para um programa, que trazia os primeiros conceitos de “machine learning”, uma das fundações da Inteligência Artificial moderna. O programa havia aprendido com o primeiro jogo e com a partida inicial do segundo, e anulou as jogadas brilhantes do grande campeão.
Poucas semanas atrás aconteceu em São Francisco, na Califórnia, o evento mundial da IBM chamado Think. Foi grandioso, recebendo 30.000 pessoas que se espremeram na charmosa cidade. Um dos temas mais abordados no evento foi a Inteligência Artificial (IA). A IBM lidera essa tecnologia, pois trabalha há décadas nela, Kasparov que o diga.
Os objetivos principais da IA são fornecer melhores previsões a respeito de qualquer tema sobre o qual existam dados, estruturados ou não, otimizar o uso das pessoas, substituindo-as em tarefas de menor valor, automatizar decisões e tarefas e, finalmente, otimização de negócios. Uma das premissas mais citadas no evento para a eficaz utilização da IA é a organização dos dados. As primeiras tentativas históricas da utilização prática da IA falharam exatamente nesse ponto.
O mercado de IA é enorme. Estima-se que, em 2021, US$ 2,9 trilhões serão gerados em negócios utilizando essa tecnologia. Esse número pode parecer exagerado, mas se pensarmos que a IA libera o valor de dados antes desprezados, ele faz sentido.
Imaginemos, por exemplo, todos os prontuários médicos de uma determinada cidade nos últimos 20 anos, ou todas as multas de trânsito da cidade de São Paulo nos últimos 10 anos. Esses dados existem e nada ou quase nada foi feito com eles. Uma aplicação de IA pode trazer informações estratégicas preciosas, nestes dois casos citados, para a saúde pública daquela cidade ou para o trânsito caótico da nossa megalópole.
A plataforma de Inteligência Artificial da IBM chama-se Watson. Ela é composta de vários módulos que organizam os dados, constroem, implementam (machine learning), rodam, operam e escalam as aplicações de IA.
Curiosamente, no citado evento, foram mencionadas inúmeras aplicações reais de IA, mas poucos detalhes foram divulgados sobre as mesmas. A IA ainda é uma tecnologia em desenvolvimento e o seu domínio é uma vantagem competitiva das empresas. Isso não se divulga em detalhes.
Sobre você perder seu emprego para um programa de IA, no evento se mencionou várias vezes a seguinte frase: “A Inteligência Artificial não vai substituir pessoas, mas pessoas que souberem utilizar ferramentas de IA vão substituir as que não sabem”. Portanto, não se preocupe muito, só um pouquinho.
* Sergio Basilio é diretor Comercial da Westcon Brasil
Fonte: texto publicado em IT Forum 365
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