O poder da nova geração de telefonia celular poderá tomar o lugar do Wi-Fi, suprindo sozinho as necessidades de conectividade?
Será esse o próximo passo da tecnologia celular? Ele vem, é verdade, avançando no sentido de oferecer cada vez mais poder ao usuário, a um preço decrescente.
Para quem não se lembra da evolução: quando surgiu no Brasil da década de 1990, a primeira geração da telefonia celular oferecia apenas comunicação por voz e a um preço altíssimo. A segunda geração, ou 2G, nos trouxe a possibilidade de trocar mensagens pelo aparelho celular. A 3G representou um marco histórico, com a chegada dos smartphones. Quem não se lembra do BlackBerry, uma estrela na campanha política que elegeu Barack Obama presidente dos Estados Unidos em 2008?
Permitindo acesso à internet, e com isso também aos e-mails e comunicação instantânea, a terceira geração da telefonia celular iniciou uma nova forma de as pessoas se comunicarem e se informarem. A quarta geração, ou 4G, deu um longo passo à frente da anterior pela disseminação dos aplicativos. Fazemos tudo pelo smartphone, desde pagar as contas até nos relacionar, mas agora com qualidade 4k na transmissão de streaming.
O que falta? Temos ainda demandas a serem supridas pela comunicação. A quinta geração, ou 5G, chega com a promessa de incrementar o 4G, além de resolver questões como a conexão entre si de uma grande quantidade de dispositivos esparsos (IoT, ou Internet das Coisas) e cenários de grande densidade de pessoas. Isso porque, à medida que o número de dispositivos conectados cresce, a “fome” de banda, que se torna mais escassa, também cresce.
Justamente para resolver o problema da competição por banda, surgiu o Wi-Fi na virada para o novo século. Objetivo: conectar dispositivos entre si e/ou à internet, independentemente da rede celular, em frequência distinta, entre 2 e 5 GHz do espectro eletromagnético. De lá pra cá, o Wi-Fi também evoluiu.
Sua novíssima versão, o Wi-Fi 6E, estende a anterior para 6 GHz de banda, oferecendo mais espectro com menor interferência – o que significa mais qualidade e melhor experiência para o usuário. A questão aqui é: temos uma rede “poluída”, misturando diferentes versões do Wi-Fi, ou o custo da renovação de toda a rede será bancado? Fica a resposta às operadoras e às empresas com suas redes privadas.
Com a rede celular, cada dispositivo está “aberto” ao mundo da internet. A ideia da 5G é trazer mais velocidade com menor latência na comunicação. Em outras palavras, mais eficiência, traduzindo-se inclusive em eficiência energética, consumindo menos bateria. Isso poderá representar um “boom” de conexões, que beneficiará bastante o desenvolvimento da internet.
Toda essa facilidade de comunicação também trará questões para o mundo corporativo em relação à segurança dos dispositivos de seus colaboradores. A pessoa que está na rua com conexão mais rápida e menor latência, por exemplo, tenderá a consumir mais serviços de nuvem – por que não? – subindo relatórios, enviando documentos de trabalho? Com isso, a TI corporativa perderá a visibilidade do tráfego. Operacionalmente, pode atrapalhar a TI. Mas a verdade é que hoje, com 4G, isso já acontece.
O que podemos dizer é que atualmente as duas redes – celular e Wi-Fi – possuem em comum o fato de serem redes sem fio. Mas são tecnologias e arquiteturas completamente diferentes, que até agora estão sendo utilizadas de forma complementar. Haverá competição entre a rede celular 5G e as novas redes Wi-Fi?
É possível o 5G substituir o Wi-Fi nas residências e nas empresas? Como ficarão os ambientes com grande densidade de dispositivos?
A resposta, como muitas vezes acontece, é: depende. Depende, em primeiro lugar, de ter cobertura 5G no local e de os aparelhos – celulares, tablets, computadores – estarem preparados para a quinta geração da telefonia celular. Depende também de condições de investimento ou da preferência por deixar as comunicações abertas ou restritas, como no caso da rede Wi-Fi, que em princípio é mais controlável, seja do ponto de vista da comunicação de conteúdo ou da segurança em si.
O que parece mais provável é não haver esse dilema por enquanto. Por algum, tempo, redes celulares e de Wi-Fi continuarão a coexistir.
*Artigo originalmente publicado na Revista Partner Sales, edição dezembro de 2022.
Por Renato Magalhães, Engenheiro de pré-venda na TD SYNNEX; Arthur Fernandes, Engenheiro de pré-venda na TD SYNNEX; Danilo Cardoso, Engenheiro de pré-venda na TD SYNNEX; Robson Silva, Engenheiro de pré-venda na TD SYNNEX.
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