Utilização de TI em unidades de saúde deve ser assunto estratégico para garantir a melhoria da gestão hospitalar e beneficiar o setor de Healthcare como um todo.
Existem muito benefícios associados a disponibilidade de prontuários médicos totalmente digitalizados e conectados, gerando dados em tempo real para o corpo clínico avaliar o histórico de um paciente e/ou de sua família para facilitar e agilizar a tomada de decisões sobre um tratamento.
Este seria um modelo ideal em um contexto onde a Tecnologia da Informação está trabalhando a favor do setor da saúde, mas uma realidade ainda muito distante dos padrões atuais adotados por hospitais, clínicas, postos e unidades de atendimento, tanto públicos quanto particulares no Brasil.
A TI tem muito a oferecer ao setor de saúde, mas as dificuldades hoje em interromper as operações de rede de um hospital para fazer migrações de dados, virtualizar aplicações e informações, ajustar parâmetros e inserir novas tecnologias são muito grandes.
Sendo um estabelecimento que funciona 24 horas ao dia, nos 365 dias do ano, e que depende de tecnologia para o tratamento da vida dos pacientes, somente a resistência de médicos e enfermeiros já é um grande obstáculo a ser superado. Porém, um ponto decisivo no momento da decisão final é a falta de liderança para gerenciar a transformação digital na área de saúde.
Não é difícil identificar e concordar que os benefícios da tecnologia são inúmeros, que elas podem promover a automatização de algumas funções que hoje são feitas de forma manual, que haverá redução de custo e do desperdício de tempo, material e mão de obra, mas poucos conseguem enxergar como essa transformação será feita sem que haja algum tipo de pane ou perda de dados.
Já existem Prontuários Eletrônicos do Paciente (PEP) e inúmeras possibilidades de sistemas de gestão hospitalar, assim como dispositivos de monitoramento de pacientes em tempo real. É a TI quem enxerga valor nesses dados todos que são gerados e que tem ferramentas capaz de organizá-los para gerarem informações que possam ser usadas pelas instituições.
Nesta busca por convencer os responsáveis e líderes, especialistas em tecnologia devem atuar como consultores, explicando os processos de atualização dos sistemas, ouvindo as problemáticas de cada departamento e tentando encontrar soluções para cada caso, tendo como alvo a estratégia geral da instituição. Provavelmente, serão necessárias soluções modulares, que vão organizar a rede de forma sistemática e com eficiência.
TI deve ser assunto estratégico em instituições de saúde
Existem algumas preocupações principais no momento de adotar tecnologias de transformação digital na área da saúde, como a eficiência no trânsito intenso de arquivos grandes, como imagens de exames, por exemplo. Além disso, destacam-se os cuidados com a segurança da rede, principalmente com a inserção do BYOD.
A possibilidade de acesso a rede por meio de dispositivos pessoais, tanto para a equipe médica quanto para pacientes e seus familiares, traz a tona discussões sobre a confidencialidade dos prontuários dos pacientes. Isso porque é necessário, ao mesmo tempo que se oferece acesso a rede, principalmente para os especialistas, é necessário manter dados críticos e confidenciais guardados a sete chaves de pessoas mal intencionadas.
Independente dos muitos obstáculos que são criados no que se refere a inserção de tecnologias no dia a dia dos hospitais, as contribuições e desafios da TI são assuntos que precisam ser liderado de forma estratégica. Instituições de saúde que querem ser mais eficientes e terem resultados melhores no atendimento aos pacientes, necessitam de conexão.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Informática em Saúde (SBIS), menos de 20% dos 7 mil hospitais brasileiros são informatizados. Já a Cisco aponta que existe uma grande oportunidade para criar valor digital ao longo da próxima década.
Uma análise feita pela empresa identificou 31 casos de uso digitais com o potencial para impulsionar US$ 1,4 trilhões em valor nos cuidados de saúde do setor privado entre 2015 e 2024. Esse valor se traduz diretamente em capacidade de atender mais pacientes, melhorar a qualidade do atendimento e reduzir seus custos.
Estudo de casos: ações simples de utilização de TI com grandes resultados
Em São Paulo, o Hospital Albert Einstein se utiliza de ferramentas de teleconferência para promover sessões de terapia online ou a distância para quem deseja parar de fumar, beber e fazer uso de outras drogas. O programa tem se destinado aos tabagistas, mas pretende estender para alguns casos de câncer e de cirurgia bariátrica.
Na França, um hospital particular fez uma experiência utilizando telemedicina, em que pacientes com câncer de pulmão foram acompanhados via Internet. Eles informavam sobre desconfortos e dores ao longo do tratamento, preenchendo 12 itens sobre seus sintomas através de um aplicativo. Ao final de 1 ano, 75% foram curados contra 49% dos que foram acompanhados de forma convencional. Tempos depois, quando houve reincidência da doença, 74% tinham condições de receber novos tratamentos.
Os bons resultados se explicam pelo fato de que os médicos recebiam relatórios a partir de algoritmos de decisão. Se os sintomas apontavam para algo grave, o especialista recebia uma notificação por e-mail, que poderia avaliar a situação e pedir para antecipar alguns exames.
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