A tecnologia está tão presente em nosso cotidiano que hoje em dia chega até a ser estranho pensar como fazíamos antes do nascimento dos computadores ou dos smartphones.
Não existe uma vertical de negócios ou forma de relacionamento social que não tenha sido fortemente impactada por ela. A tecnologia está formando uma cultura na qual a praticidade é um dos destaques. Alguns cliques no mouse ou na tela e tudo está resolvido.
É fácil constatar os vários ganhos gerados por esta nossa era tecnológica. Eles são extremamente expressivos mesmo quando analisamos criticamente a geração de efeitos colaterais negativos tais como a perda da privacidade e a propagação de informações falsas. E quando pensamos nos problemas derivados da crescente adoção de novas e impactantes tecnologias, nos esquecemos de priorizar a solução de um imenso desafio cujos efeitos afetam a sociedade como um todo. Trata-se da questão do lixo eletrônico, que impacta de forma danosa o meio ambiente quando o seu descarte é feito em locais inadequados sem o necessário cuidado.
O cenário é preocupante. Quando resíduos do lixo eletrônico são incinerados, existe a possibilidade da liberação de substâncias tóxicas no ar. Já nos aterros, ele contribui para a poluição do solo e da água.
Você deve estar se perguntando: "mas o que seria o lixo eletrônico, também conhecido como e-waste (ou e-lixo na tradução do termo em inglês)?". Esta definição abrange aparelhos ligados à tecnologia da informação e às telecomunicações (notebooks, no-breaks, monitores, celulares), aos eletrodomésticos (máquina de lavar, microondas, geladeiras), eletroportáteis (secador, ventilador, barbeadores elétricos), fios e cabos diversos, baterias em geral (inclusive pilhas) e acessórios de iluminação. Uma lista realmente imensa.
Nesses materiais e produtos encontramos muitos metais pesados como o cádmio, chumbo, mercúrio e berílio, que atuam como poluentes de diversos ecossistemas (tanto terrestres quanto aquáticos) no pós-consumo. Se na produção não houver preocupação e cuidado, eles podem contaminar até mesmo a população que mora nas proximidades das fábricas. Os danos se estendem também à saúde das pessoas. A intoxicação por mercúrio, por exemplo, pode causar problemas nos rins, cérebro e pulmões.
E ainda há uma extensa lista contendo todos os outros materiais envolvidos, como plásticos, vidros e papéis, entre outros! Você consegue imaginar o tempo de decomposição de um lixo eletrônico com tantas misturas de matérias-primas?
A superação deste desafio passa por uma conscientização e mudança comportamental de cada pessoa. Em uma sociedade de consumo como a nossa, sabemos bem como é tentador trocarmos nossos objetos eletrônicos quando é lançado um modelo mais atual (inclusive, você já reparou como andam mais curtos os intervalos de lançamento de produtos em comparação com anos atrás?). Porém, antes de trocar, seja porque quebrou ou porque você quer se atualizar, estas dicas podem fazer muita diferença para o nosso meio-ambiente:
- Verifique se há conserto ou alguma forma de reaproveitamento das peças que compõem seus resíduos eletrônicos. Essa é uma maneira de prolongar a vida útil deles.
- Pense se existe a possibilidade de vender ou até mesmo de doar esses itens para alguma ONG usar em suas ações.
- Pesquise se o fabricante do seu produto tem algum programa de logística reversa para recebê-lo de volta e fazer o descarte adequado. Algumas empresas não só incentivam esse tipo de prática, como também oferecem descontos na compra de novos itens.
- Você também pode optar por buscar pelo site ecycle.com.br o local mais próximo para descartar seu material. Ou baixar o app Cataki e ver qual é o catador mais próximo da sua residência.
- Alguns hipermercados possuem pontos de coleta desse tipo de material. Vale a pena se informar e aproveitar a ida ao fazer sua despesa mensal para deixar o que for necessário lá. Ah, e não se esqueça de que esses locais normalmente também recebem outros materiais!
Vale lembrar que tanto os fabricantes dos produtos que compramos, quanto nós, consumidores finais, somos responsáveis pelo descarte adequado de resíduos, conforme a Lei nº 12.305/10 da Política Nacional de Resíduos Sólidos. A questão do tratamento correto do lixo eletrônico transcende o aspecto legal. Ele é um desafio que só pode ser vencido com o comprometimento da sociedade com um todo.
Artigo por Daniele FernandesTrugillo, Analyst, Purchasing TD SYNNEX.
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